Monday 29 December 2008

Embebedar-se com o sinfônico.


Os sinais, as pausas entre as notas e elas em união de melódica sinfonia.

Ah! Beethoven, como pudera haver em alguém mais, a magia do encanto proporcionado quando se está de olhos fechados a ouví-lo, mais que isso, a sentí-lo no interior de cada pulsar do coração. Sim! Como ele queria, como ele mesmo dizia - esse é o silêncio de fato, a conversa entre você e Deus, entre dois que são o todo, a uniquês que a música provoca aos mais sensíveis e aos mais frígidos humanos de toda a vasta de Terra, é a união do divino com o mundo que transcende qualquer insensata divagação de definir. Simplesmente é a completude da mágica qual reação envolvente que se observa no bosque mais pacato e nas correntezas mais devastadoras de um rio-cachoeira.

Monday 22 December 2008

Analisando Suplicantes.



Suplicantes, como o próprio nome já sugere, trata-se de uma tragédia. Mas entre as várias existentes, esta especificadamente, é de autoria de Eurípedes, escritor de tragédias grego que viveu por volta de 480 e 406 a.C. Como 'qualquer' tragédia grega que se preza, já inicia com um certo clímax; no caso, a ida do Rei de Argos até Atenas com as mães dos heróis argivos, para pedir ajuda ao Rei Teseu; e que durante apresenta outros picos trágicos (esses quase sempre ligados à desobediência dos mortais em relação a um oráculo ou a um deus); observado no mtivo que levou os argivos a combaterem Tebas e perder seus heróis.

Dentro da obra, tabém pode ser observado, que quase tudo, de bom ou de ruim, vem a girar em volta de um mal ocorrido; exemplificado na tentativa de buscar/recuperar os corpos dos heróis mortos. De forma a resumir, Suplicantes, passa uma moral típica das tragédias, sendo esta algo do estilo: "mesmo ungido divinamente, um mortal/semi-mortal não vem a ser um deus, logo não deve desafiar algum dos deuses".

Portanto levo a concluir que trata-se de uma tragédia primorosa, com abundância em trechos extremamente voltados para a concepção grega de 'fé' e do 'homem'.

Saturday 13 December 2008

Ciúme e olhos de ressaca - em um tal Machado.


Talvez, a representação da mente perturbada, aflorada entre a maestria de iluminação, figurino e sonoplastia - tudo na 'mágica' televisa. Pois bem, entre os dias 09 e 13 de novembro, de 2008 do ano de Nosso Senhor, a emissora Globo, veio a apresentar aos olhos do público mais uma de suas novas minisséries, tão bem conhecidas, e tão bem feitas (em sua maioria), porém, esta possui algo de especial, tratou-se de uma releitura da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis - peculiarmente no ano de seu centenário.

E antes de qualquer coisa, um pequeno apanhado sobre o que vem a ser Dom Casmurro: Em 1889 é publicada a obra de maior destaque no realismo, com o tema girando entre o ciúme e o adultério. Tal escrito centra-se na história de Bento Santiago e Capitu, este primeiro aparentemente inocente em todos os momentos e a outra como vilã e traidora. A marca principal de Capitu encontra-se em seus olhos, dissimulados e oblíquos, os quais sempre encantaram Bento. Durante a infância ambos juram casar-se apenas um com o outro, porém, a mãe de Bento, Dona Glória, havia prometido dar um padre a Igreja se tivesse um filho, logo o padre seria Bento. No seminário Bento conhece Escobar, e os dois se tornam profundos e íntimos amigos. Após umas reviravoltas, Bento sai do convento e vai estudar na Europa, quando volta, casa-se com Capitu. Mas, é quando o filho, Ezequiel, vem ao mundo e começa a crescer que começa a desconfiança real, que engendra até pensamentos de assassínio e de suicídio. Por fim, o Narrador (O próprio Bento, agora chamado de Dom Casmurro) conta que tanto Capitu, Escobar e Ezequiel faleceram, e ele, Bento, fica só.

Sim. Obra, esta, recheada da sutileza irônica e perspicaz de um mulato epiléptico - e graças ao Deus, ou aos Deuses por isso, já que bem sabem, epilepsia é a doença dos grande imperadores romanos. E na minissérie baseada, a presença de tudo, de cenário - este muito bem pensado e indiscutivelmente surreal, foi feito com partes de tudo, não havia o tudo, como a presença de um cavalo, ou de uma casa, mas mais parecia um teatro, onde apenas partes são mostradas e a totalidade depende da imaginação e de outros recursos, como a iluminação -, de sonoplastia - com a presença marcante da banda Beirut, possuidora de influência da música dos Balcãs e ciganas, sendo esta muito bem enquadrada quando se remete aos olhos de ressaca de Capitu, e ainda a presença de cantores como Janis Joplin - e o jogo das sombras em deformação em conjunto com o narrador (Dom Casmurro - Bentinho adulto) e o personagem (Bentinho - de criança a adulto).

Em uma generalização, possivelmente simplória, a releitura feita pela Emissora, manteve como foco a mente perturbada de Bentinho, onde tudo era visto de sua forma, tantas vezes deturpadas e outras vezes mais notáveis, com a aparência de realidade para todos. Essa releitura, por fim, focou-se em demonstrar que possivelmente Capitu dera motivos, por seu jeito e seus modos, para a desconfiança, mas que plausivelmente não havia fundamento. Indo, mais alem, a própria minissérie remete a uma crítica quanto a fazer uma leitura de Dom Casmurro superficial, a ponto de acreditar que Capitu traira Bento com Escobar, querendo, portanto, demonstrar que tudo é e sempre será apenas o ponto de vista de um ciumento, o qual demonstrava ciúmes desde os primórdios da infância.

Entrementes, e percepções, mesmo pela falta do cunho que marca as obras machadianas - a ironia e o humor refinado - foi conclusivamente um trabalho fiel ao livro, com pequenos erros em detalhes - detalhes que para um mestre das letras são muitíssimo importantes - possuidor de cenas marcantes e de jogos com o leitor muito bem pensados.

Porém, saindo dessas observâncias, por assim dizer, tão neutras, concentrar-me-ei no que vi, penso e acredito ser. Alem de tudo, da maestria inconfundível quanto ao que foi usado, essa minissérie não passou de mais um produto, de mais uma forma de banalização de uma obra que deveria ser por nós - brasileiros - muito bem conhecida como a seu autor. Sendo, portanto, nessas tentativas de tornar o maior escritor realista em algo piegas, e possivelmente mais um best-seller, que é vergonhoso saber que são os franceses os maiores estudiosos de Machado de Assis, e são eles também os que mais o louvam quanto a sua arte. Dentro do país, deturpações como essa, feitas em obras antigas acabam por tornarem-se comuns e necessárias, assim fica claro, portanto de se esperar a necessidade de ter sido feito um jogo com o antigamente, e com o mundo atual. Para tanto a rapidez com que se passaram as atuações dos atores, causando assim um defasamento profundo quanto a detalhes, e mais uma vez levando a entender que não passou de mais uma forma de ganhar audiência, e uma audiência que não se focou em que realmente conhece Machado ou que gostaria de conhecê-lo, mas naquilo que a maior parte dos espectadores gostariam de ver.

Algo a mais, que me leva a concluir a necessidade de manter o espectador atento, foi o usufruir de 'jornais', tanto na apresentação quanto na mudança de capítulo - todos os subtítulos que apareciam, fazem parte do livro propriamente dito, e isto não fica de modo algum explicitado na minissérie, dando portanto um ar de fascínio pela suposta criatividade dos produtores -, remetendo-me de novo aos jornais, fica perceptível o porque de seu uso, afinal é um dos mais eficientes meios de comunicação, principalmente no Brasil, assim ocorre a ampliação do público alvo. Agora voltando-me para as já citadas músicas, mais um dos jogos de ampliar o público alvo, pois foi implantado desde bandas mais antigas até as mais novas, e muitas voltadas para as pessoas alternativas, o uso de Beirut como principal trilha sonora, também possui por trás outra face, já que o vocalista da banda (Zach Condon) é tido por muitos como o futuro homem moderno.

Mas, retirando-me agora, da aversão habitual e da certeza de que tudo foi premeditadamente feito para ter audiência e sucesso. Devo me ater a detalhes implementados por todos os organizadores, que fizeram da minissérie, o tipo que vale a pena rever e até mesmo possuir em casa, como foi o caso de Os Maias. Durante os cinco dias de percurso, houveram cenas que impossibilitando a negação da capacidade que os atores tiveram - principalmente pelos clichês que cada personagem possuía -, mas entre todas, foi a uma do último episódio que mais marcou: Ao ver Bento, sentado em frente ao espelho, despindo-se daquilo que o tornava Dom Casmurro, que o tornava o personagem em si, como se ele mesmo estivesse se arrancando daquilo que se tornara e daquilo em que vivia - aquele vórtice de festas e de conhecer mulheres caprichosas, mais claramente, o retirar a maquiagem e os enfeites retrata a presença de um Dom Casmurro em qualquer um, retrata as tentativas fugazes de se libertar do teatro que foi se tornando a vida, onde você se perde naquilo que sente e acredita e naquilo que vê e te é imposto.

E assim que finalizo, prezando a presença de novos atores e tirando o meu chapéu de percepções e interpretações, assim retirando-me da moral que possuo sobre a obra, e abstenho-me numa sutil saudação pela capacidade produtiva-televisiva que ainda me surpreende certas vezes, como nesta, pois, quis o destino que as coisas fossem se juntando e me enganando.

Wednesday 3 December 2008

The guy behind the blue eyes.


Quando se pensa na invasão britânica, na invasão da música britânica na década de 60, pode-se acreditar que ela não tem nada de valor, que ela nem entra no aspecto literatura. Afinal, aqueles rapazes eram um amontoado de rebeldes que destruíam guitarras. Sim, eu falo do 'The Who'.

Mas mesmo com todas as polêmicas, com todas as destruições em potencial, com um baterista (Keith Moon) que vivi locão e que entrava em overdose em shows, com um Pete (Townshend) e seus olhos azuis que iniciava sempre as idéias - que iniciou Quadrophenia* - e que ainda foi acusado de pedofilia, e Roger Daltrey com suas tentativas de entregar ao The Who o melhor vocal e o que mais se enquadrava e para finalizar em perfeição se encontrava John Entwistle com seus solos mágicos de baixo. E cada qual com sua maestria marcou desde os anos 60 - passando por turnês e até se apresentando no Woodstock - até os dias atuais, e com certeza permanecerão por um futuro que não tem previsão de não mais existir.

Porém, é para as letras de suas músicas que quero chamar atenção, para a maestria de rimas bem feitas (claro que no inglês), para a tentativa de transcender a aparência de meros rebeldes e revoltados, eles queriam mostrar que por trás de uma adolescência ainda abalada pela segunda guerra mundial havia a seriedade de homens, havia um entendimento do mundo propriamente dele, e havia, antes de tudo uma genialidade de rivais - pois mesmo na união como banda, cada show e cada apresentação era uma guerra interna deles para apresentar quem era o maior, quem era o possuidor da maior perfeição em conjunto da maior inovação.

Eles, enfim, eram a harmonia dos díspares.
E para realmente chegar-se a um entendimento mais próximo de tudo aquilo que queriam passar, de tudo aquilo que queriam declarar - muitas vezes das formas mais confusas - não há melhor coisa que parar e sentir cada uma das letras de suas músicas, ler cada uma pausadamente, como se fossem os poemas das marcas de toda uma vida.