Friday 28 November 2008

Baudelaire e seu amor Norte-americano.


"Descobri um autor norte-americano que provocou em mim uma incrível simpatia e escrei dois artigos sobre sua vida e sobre suas obras." Baudelaire.

AH! Um nobre amor daquele que em si não possui mais amarras e daquele que exalta com paixão um outro tão distante e aparentemente tão desconhecido. Tenho como que sensação na leitura de tais ensaios o vislumbre do olhar que brilha, sim, por saber não possuir apenas em si aquelas idéias que o dominavam e os vícios que o consumia.

Tanto Baudelaire quanto Poe(sim, este é o autor norte-americano) com o qual encontra uma simpatia empática fenomenal, e ele o eleva como sendo um desses raros e maravilhosos escritores-filósofos, e ele o faz sem inveja, ao contrário, ele mesmo adimite não ser aceitável uma tradução do inglês para o francês da poética poediana, pois seria perdida a essência, traduzindo, portanto, apenas a prosa e a organizando no famoso Histórias Extraordinárias. Tanto o francês quanto o norte-americano, possuem em sua essência de escrita a beleza de um parnasiano - quanto a forma -, a transmissão de sentimento de um simbolista - quanto aos símbolos e as figuras de linguagem que utilizam -, e por fim o satanismo e a dor que flui no decadentismo.

Ambos, são expressões claras daquilo que os marcou em vida e daquilo que os marcava em cada dia, ambos, no mundo do alcool, e Baudelaire ainda no mundo do ópio. Talvez fossem como crianças largadas em um beco imundo qualquer, assim, desamparadas ao esperar da mão trêmula e mesmo vacilante de um amor que os tome e os devolva a vida de todo dia, quase que em um desespero mórbido e particular - tão particular que não se deve querer simplesmente invadir essas mentes que o evade. É simples, porém confuso, é sesível e porém o rumo do hermético-esquizofrênico, são como as misérias humanas mais decadentes que se transformam na luta diária nas mentes brilhantes que depois nos vem com a graça e o louvor de suas obras literárias, e eles vão vindo assim, se aprochegando e se deixando ficar - pois é nisso que encontraram, mesmo que o mínimo, algo de reconfortante e algo que pudessem abandonar sem pensar no risco possível do esquecimento.

Dois espíritos brilhantes, que no fim das trêmulas imagens da vida que possuiram, nos influenciaram, mesmo que saibamos, e mesmo que não. Como o norte-americano afetou o francês, apenas no cruzar do mar curto.